Por G.K.Chesterton
Tradução de Anália Carmo e António Campos
Coimbra, 20 de Outubro de 2012 - Portugal
Lepanto
Frontes
brancas que vieram das Cortes do sol,
E o Sultão de Constantinopla ri-se enquanto elas correm; Gargalhadas brotam como fontes nessa face que todos temem, A negrura da sua barba, até a escuridão da floresta assusta; O crescente dos seus lábios, até encurva mais o crescente sangrento, Porque o mais profundo dos mares do mundo se agita com seus navios. Desafiaram as repúblicas brancas pelos cabos da Itália, Tracejaram o Adriático à volta do Leão do Mar1, E o Papa estendeu os seus braços para o exterior em agonia e perda, E apelou aos reis da Cristandade para armas pela Cruz. A face gélida da rainha de Inglaterra contempla indiferente2; A sombra dos Valois boceja na Missa3; Das ilhas do Ocidente ressoam os canhões de Espanha, E o Senhor do Corno do Ouro4 ri-se em pleno sol. |
White founts falling in the
Courts of the sun,
And the Soldan of Byzantium is smiling as they run; There is laughter like the fountains in that face of all men feared, It stirs the forest darkness, the darkness of his beard; It curls the blood-red crescent, the crescent of his lips; For the inmost sea of all the earth is shaken with his ships. They have dared the white republics up the capes of Italy, They have dashed the Adriatic round the Lion of the Sea, And the Pope has cast his arms abroad for agony and loss, And called the kings of Christendom for swords about the Cross. The cold queen of England is looking in the glass; The shadow of the Valois is yawning at the Mass; From evening isles fantastical rings faint the Spanish gun, And the Lord upon the Golden Horn is laughing in the sun. |
***
Vago
rufar de tambores, amortecido pelas montanhas,
Respondeu apenas um príncipe não coroado5 de um trono sem nome, E abandonou o seu pequeno assento e a sua meia tenda, O último cavaleiro da Europa toma armas, O último persistente trovador a quem o pássaro cantou, O que outrora cantava para o Sul quando o mundo ainda era menino6. E, no vasto silêncio, diminuto e destemido, Sobe pela vereda sinuosa o ruído da Cruzada. Gemem os fortes gongs e o ribombar dos canhões, D. João de Áustria está em guerra, Bandeiras rijas e tesas pelo ar gélido da noite Num melancólico negro-púrpura, num dourado cintilante, O carmesim das tochas nos tambores de cobre, Depois os clarinetes, as trombetas, os canhões, E ei-lo que chega. D. João sorri com a sua valente barba ondulada, Desdenhando nos seus estribos, de todos os tronos do mundo, E ergue a sua cabeça como bandeira de todos os espíritos livres. Luz de amor para Espanha--hurra! Luz de morte para África! D. João de Áustria Cavalga para o mar. |
***
Dim drums throbbing, in the
hills half heard,
Where only on a nameless throne a crownless prince has stirred, Where, risen from a doubtful seat and half attainted stall, The last knight of Europe takes weapons from the wall, The last and lingering troubadour to whom the bird has sung, That once went singing southward when all the world was young. In that enormous silence, tiny and unafraid, Comes up along a winding road the noise of the Crusade. Strong gongs groaning as the guns boom far, Don John of Austria is going to the war, Stiff flags straining in the night-blasts cold In the gloom black-purple, in the glint old-gold, Torchlight crimson on the copper kettle-drums, Then the tuckets, then the trumpets, then the cannon, and he comes. Don John laughing in the brave beard curled, Spurning of his stirrups like the thrones of all the world, Holding his head up for a flag of all the free. Love-light of Spain--hurrah! Death-light of Africa! Don John of Austria Is riding to the sea. |
***
Maomé7
no seu paraíso acima da estrela da tarde,
(D. João de Áustria vai paraa guerra.) Ele move um poderoso turbante no regaço de uma huri imortal8, O seu turbante que é tecido pelos poentes e pelos mares. Estremecem os jardins de pavões reais quando ele sai do seu repouso, E avança acima da orla das árvores é mais alto do que elas; A sua voz por todo o jardim ecoa é um trovão que chama Azrael das trevas e Ariel e Ammon9 pelo flanco. Génios e Gigantes, Múltiplos, de asas e de olhos, Cuja forte obediência o céu cindiu Quando Salomão era rei10. |
***
Mahound is in his paradise
above the evening star,
(Don John of Austria is going to the war.) He moves a mighty turban on the timeless houri´s knees, His turban that is woven of the sunsets and the seas. He shakes the peacock gardens as he rises from his ease, And he strides among the tree-tops and is taller than the trees; And his voice through all the garden is a thunder sent to bring Black Azrael and Ariel and Ammon on the wing. Giants and the Genii, Multiplex of wing and eye, Whose strong obedience broke the sky When Solomon was king. |
***
Correm em
vermelho e púrpura
Das nuvens avermelhadas da aurora Dos templos onde os deuses amarelos11 cerram os seus olhos com desdém; Erguem-se em vestes verdes12 Rugindo dos infernos verdes do mar Onde anjos caídos, essências malditas e seres sem olhos estão; Sobre eles, agregam-se conchas e dobram-se os bosques cinzentos do mar, |
***
They rush in red and purple
from the red clouds of the morn,
From the temples where the yellow gods shut up their eyes in scorn; They rise in green robes roaring from the green hells of the sea Where fallen skies and evil hues and eyeless creatures be, On them the sea-valves cluster and the grey sea-forests curl, |
***
Salpicados
de uma doença esplêndida, a doença
das pérolas, da avareza13;
Surgem em fumos de safira vindos das frestas do chão,- Agrupam-se e encantam-se E rendem culto a Maomé. E ele diz: “Despedaçai os montes onde o povo-eremita encontra refúgio, E peneirem as areias brancas e vermelhas para que não fique um só osso de santo esquecido. E caçai os Infiéis voando dia e noite, sem descanso14 Pois a nossa antiga ameaça volta de novo, do Ocidente. |
***
Splashed with a splendid
sickness, the sickness of the pearl;
They swell in sapphire smoke out of the blue cracks of the ground,-- They gather and they wonder and give worship to Mahound. And he saith, "Break up the mountains where the hermit-folk can hide, And sift the red and silver sands lest bone of saint abide, And chase the Giaours flying night and day, not giving rest, For that which was our trouble comes again out of the west. |
***
“Colocamos
o selo de Salomão
Em todas as coisas debaixo do sol, Da sabedoria, do lamento e da persistência do consumado. Mas um ruído nas montanhas, nas montanhas, e eu sei, A voz que estremeceu os nossos palácios há quatrocentos anos: É aquele que diz não ao Destino; É o que diz não à Sorte15; Ele é Ricardo, é Raimundo, é Godofredo que está à porta! É aquele que escarnece da perda quando avalia o risco; Calquem-no aos pés, para que tenhamos paz na terra.” Porque ele ouve o rufar de tambores e o sacudir das armas, (D. João de Áustria está em guerra.) Rápido e frio –hurra! Um relâmpago da Ibéria D. João de Áustria Sai por Alcalá. |
***
We have set the seal of
Solomon on all things under sun,
Of knowledge and of sorrow and endurance of things done. But a noise is in the mountains, in the mountains, and I know The voice that shook our palaces--four hundred years ago: It is he that saith not ´Kismet´; it is he that knows not Fate; It is Richard, it is Raymond, it is Godfrey at the gate! It is he whose loss is laughter when he counts the wager worth, Put down your feet upon him, that our peace be on the earth." For he heard drums groaning and he heard guns jar, (Don John of Austria is going to the war.) Sudden and still--hurrah! Bolt from Iberia! Don John of Austria Is gone by Alcalar. |
*** São Miguel na sua Montanha Das rotas marítimas do norte16 (D. João de Áustria, apetrechado, parte) Onde os mares cinza brilham e as marés alterosas mudam E os homens do mar trabalham e as velas vermelhas enchem. Brande a sua lança de ferro e bate as suas asas de pedra; O fragor atravessa toda a Normandia; mas o fragor veio só; O Norte está cheio de intrigas, de leis, de olhos doridos, E morta está a inocência da raiva e da surpresa, E Cristão mata Cristão Num pequeno quarto mesquinho, E o Cristão receia Cristo Que tem uma face que julga E o Cristão abomina Maria Beijada por Deus na Galileia, Mas D. João de Áustria dirige-se para o mar. D. João que brada entre explosões e eclipses, O gemido da trombeta, a trombeta dos seus lábios, Trombeta que clama ¡ah! Domino Gloria! D. João de Áustria Exalta os seus navios. |
***
St. Michaels on his Mountain
in the sea-roads of the north
(Don John of Austria is girt and going forth.) Where the grey seas glitter and the sharp tides shift And the sea-folk labour and the red sails lift. He shakes his lance of iron and he claps his wings of stone; The noise is gone through Normandy; the noise is gone alone; The North is full of tangled things and texts and aching eyes, And dead is all the innocence of anger and surprise, And Christian killeth Christian in a narrow dusty room, And Christian dreadeth Christ that hath a newer face of doom, And Christian hateth Mary that God kissed in Galilee,-- But Don John of Austria is riding to the sea. Don John calling through the blast and the eclipse Crying with the trumpet, with the trumpet of his lips, Trumpet that sayeth ha! Domino gloria! Don John of Austria Is shouting to the ships. |
***
O Rei
Filipe está no seu quarto envolto
em sua manta17
(D. João de Áustria está armado e de pé no seu convés.) Paredes de veludo suspensas negro e macio como o pecado E pequenos gnomos vêm e pequenos gnomos se vão. Segura um pequeno frasco que tem cores como as da Lua, Toca-lhe e ele vibra e o Rei logo treme, A sua face é como um fungo de um leproso branco e cinza Como plantas de uma casa onde não entra a luz do dia, E nesse frasco está a morte o final da nobre empresa. Mas D. João de Áustria dispara sobre o turco. D. João está na caça, os seus cães já uivam- O rumor do seu assalto percorre terras de Itália. Canhão sobre canhão, ¡ah, ah! Canhão sobre canhão, hurra! D. João de Áustria Soltou o bombardeio. |
***
King Philip´s in his closet
with the Fleece about his neck
(Don John of Austria is armed upon the deck.) The walls are hung with velvet that is black and soft as sin, And little dwarfs creep out of it and little dwarfs creep in. He holds a crystal phial that has colours like the moon, He touches, and it tingles, and he trembles very soon, And his face is as a fungus of a leprous white and grey Like plants in the high houses that are shuttered from the day, And death is in the phial and the end of noble work, But Don John of Austria has fired upon the Turk. Don John´s hunting, and his hounds have bayed-- Booms away past Italy the rumour of his raid. Gun upon gun, ha! ha! Gun upon gun, hurrah! Don John of Austria Has loosed the cannonade. |
***
Na sua
capela estava o Papa
As
escadarias de deuses altos desta
nova a tirania19.antes do momento da batalha. (D. João mal se vislumbra no meio do fumo.)18 Aquele quarto remoto naquela casa do Homem onde Deus sempre mora, Naquela discreta janela em que o mundo parece pequeno e muito querido Ele vê como num espelhoo monstruoso mar no crepúsculo Os navios cruéis do crescente cujo nome é mistério; Projetam grande sombra, ensombrando o Castelo e a Cruz, Ocultam os leões alados das galeras de S. Marcos; E acima dos navios há palácios de emires morenos de barba negra, E abaixo dos navios há prisões, onde com inenarrável dor, Gemem Cristãos doentes privados de sol,um povo em forçado trabalho se queixa Como um povo em cidades submersas, como uma nação nas minas. Estão perdidos como escravos que suam, e nos céus da manhã pendem |
***
The Pope was in his chapel
before day or battle broke,
(Don John of Austria is hidden in the smoke.) The hidden room in man´s house where God sits all the year, The secret window whence the world looks small and very dear. He sees as in a mirror on the monstrous twilight sea The crescent of his cruel ships whose name is mystery; They fling great shadows foe-wards, making Cross and Castle dark, They veil the plumèd lions on the galleys of St. Mark; And above the ships are palaces of brown, black-bearded chiefs, And below the ships are prisons, where with multitudinous griefs, Christian captives sick and sunless, all a labouring race repines Like a race in sunken cities, like a nation in the mines. They are lost like slaves that sweat, and in the skies of morning hung The stair-ways of the tallest gods when tyranny was young. |
***
São
incontáveis, mudos, desesperados como os
caídos ou como os que fogem
Dos altos cavalos do Rei nas calçadas da Babilônia. E muitos enlouquecidos no seu quarto infernal Onde uma cara amarelada espia pela malha da sua cela, E de Deus se encontra esquecido, e já não procura um sinal- (Mas D. João de Áustria rompeu as linhas inimigas!) D. João duramente os castiga de uma popa vestida de matança. Tinge de sangue o oceano como o sangrento navio pirata, O escarlate corre sobre os dourados e os prateados. Abrem-se as escotilhas e estouram os porões, Sugados para cima são os que vivem debaixo do mar Brancos de felicidade cegos pelo sol e aturdidos pela liberdade19. |
***
They are countless,
voiceless, hopeless as those fallen or fleeing on
Before the high Kings´ horses in the granite of Babylon. And many a one grows witless in his quiet room in hell Where a yellow face looks inward through the lattice of his cell, And he finds his God forgotten, and he seeks no more a sign-- (But Don John of Austria has burst the battle-line!) Don John pounding from the slaughter-painted poop, Purpling all the ocean like a bloody pirate´s sloop, Scarlet running over on the silvers and the golds, Breaking of the hatches up and bursting of the holds, Thronging of the thousands up that labour under sea White for bliss and blind for sun and stunned for liberty. |
***
Viva
Ibéria!
Domino Gloria! D. João de Áustria libertou o seu povo! |
***
Vivat Hispania!
Domino Gloria! Don John of Austria Has set his people free! |
***
Cervantes na sua galera embainha a espada
(D. João de Áustria regressa com uma grinalda.) E vê sobre uma terra monótona um caminho remoto em Espanha, No qual um cavaleiro esguio e tolo para sempre marcha em vão,20 E ele sorri, mas não com o escárnio dos Sultões, e embainha a espada... (Mas D. João de Áustria regressa da Cruzada.)
1 O Leão
alado é o símbolo da República de Veneza
2Elisabeth
I filha de Henrique VIII e de Ana Bolena era protestante. Com o seu ministro
Walsingham mandou executar 3,5 milhões de irlandeses católicos
3A França,
apesar de ter uma costa mediterrânica também não enviou forças para suster o
avanço turco sobre Roma
4Corno de
Ouro é outro nome da Turquia
5D.João de
Áustria era filho ilegítimo de Carlos V, Imperador do Sacro Império
Romano-Germânico, o maior império que alguma vez existiu em solo continental europeu
6A
civilização teve início a Sul, no mediterrâneo e médio-oriente
7 Mahound,
Mafoma em português, é a designação de Maomé como uma divindade que se deve
adorar, fundador de uma falsa religião. O Islamismo é um pós-cristianismo,
sem o qual jamais existiria, pelo menos na sua fórmula atual. O Islão partilha
com a heresia ariana os princípios fundamentais:
Deus não
pôde criar o mundo diretamente, sem medianeiro, quer porque Deus não poderia
operar diretamente sobre criaturas tão imperfeitas, tão inferiores, quer
porque as próprias criaturas não poderiam resistir vitalmente à ação divina
(influência panteísta e gnóstica). O medianeiro necessário foi Maomé, o
Logus, o Verbo ou a Sabedoria, criatura de uma ordem superior, mais antiga,
mais perfeita de todas e feita antes do tempo. Assim, o arianismo, tal como o
islamismo, destruíam a natureza divina de Jesus Cristo, embora Lhe
concedessem uma posição mais elevada entre as criaturas. Isto destrói a obra
da Redenção, do perdão dos pecados, da ressurreição, os fundamentos mais
caros do catolicismo. Por outro lado, essa criatura intermédia, Mafoma,
criada antes das outras criaturas, de tal modo que Deus falou para a
humanidade por ele pela última vez, ocupa um lugar acima das outras
criaturas. O Islão partilha também a conceção unitarista de Deus, o que nega
a Cristo como Homem e Deus.
Os Templários também adorariam Baphomet, uma
variante de Mahommet.
8Houri é a
designação de uma virgem do Paraíso para os muçulmanos, ou de um ser
celestial perfeito que faz par com as almas dos mortos.
9Demónios
bíblicos.
10O Demónio,
uma criatura de Deus, arrastou consigo na sua queda 1/3 dos anjos, pois
preferiu a sua auto-suficiência, o seu orgulho, a ter que servir a Deus. É
uma verdade cristã, mas também já expressa no Velho Testamento.
11Na
mitologia egípcia o amarelo representa Ra, o deus-sol.
12O verde é
uma cor que habitualmente representa o Corão.
13A
penetração de substâncias, partículas ou microrganismos entre a concha e o manto de algumas
espécies de ostras leva à secreção pelo manto de uma série de camadas de
nácar ou madrepérola-“a doença da ostra”.
14Sura 9
versículo 5:”Matai os idólatras onde os encontrardes! Apanhai-os!
Preparai-lhes toda a espécie de emboscadas!”- Al Corão
Sura 9
versículo 29:
"Combatei
os que não crêem em Deus nem no Último Dia, nem proíbem o que Deus e o Seu
Enviado proíbem, os que não praticam a religião da verdade entre aqueles a
quem foi dado Livro! Combatei-os até que paguem o tributo por sua própria mão
e sejam humilhados"
Sura 8
versículo 65:
"Ó
Profeta! Incita os crentes ao combate!"
Sura 9
versículo 14:
"Combatei-os!
Deus atormentá-los-à pelas vossas mãos, humilhá-los-à e auxiliar-vos-à contra
eles!"
Sura 2
versículo 217:
"Aquele
de vós que abjure a sua religião e morra é infiel, e para esses serão inúteis
as suas boas obras nesta vida (em comum com a Reforma) e na outra; esses
serão entregues ao fogo."
Sura 4
versículo 65:
"Submeter-se-ão
totalmente." Não existe submissão parcial. Quem não está em submissão
total não é um verdadeiro muçulmano e é lícito matá-lo.
Sura 4
versículos 150 e 151:
"Os
que não crêem em Deus e no Seu Enviado desejam estabelecer uma distinção
entre Deus e o seu enviado...Desejam tomar um caminho intermédio. Esses são
verdadeiramente os infiéis."
A
superioridade do Islão
Sura 3
versículo 19:
"A
religião para Deus é o Islão!"
Sura 5
versículo 51:
"Ó
vós que credes! Não tomeis a judeus e a cristãos por confidentes: uns são amigos
dos outros. Aquele de entre vós que os tome por confidentes será um
deles."
Sura 2
versículo 193:
"Matai-os
até que a perseguição não exista e esteja no seu lugar a religião e Deus. Se
eles se converterem não haverá mais hostilidade."
15O livre
arbítrio é uma característica católica por excelência por oposição ao
determinismo semita e da Reforma, para quem as obras são irrelevantes desde
que se tenha “a fé certa”.
16Alusão ao
Monte de Saint Michel na Normandia.
17Filipe II
de Espanha, I de Portugal, era filho herdeiro de Carlos V.
18Alusão à
visão em êxtase do Papa Pio V que viu o desenlace da batalha enquanto ela
decorria. A notícia chegaria apenas duas semanas depois.
19Descrição
das galeras muçulmanas ou galiões, 1/3 maiores e mais altas que as galeras
católicas.
No porão
estavam os prisioneiros cristãos, submetidos a trabalhos forçados para toda a
vida, remando compulsivamente nas galeras, sob o poder do chicote. Viviam
sempre no porão, sem jamais ver o sol.
20Alusão ao
livro de Cervantes “Dom Quixote”
|
***
Cervantes on his galley sets the
sword back in the sheath
(Don John of Austria rides homeward with a wreath.) And he sees across a weary land a straggling road in Spain, Up which a lean and foolish knight forever rides in vain, And he smiles, but not as Sultans smile, and settles back the blade.... (But Don John of Austria rides home from the Crusade.)
(In the contemporary painting above: “The
Catholic ships form a cross and the Muslim ships form a crescent. – The
standard of the Holy Cross which was blessed by Pope Pius V can be seen on
Don Juan of Austria’s ship which is leading the charge. – Papal ships (St.
Peter’s keys) – The miracle of the
wind: just before the armies met the wind completely switched in favor of the
Catholic ships. – Devils can be seen amongst the Muslim ships (they were summoned from
hell by the Muslim leader). The devils have peacock feathers as swords, a
manifestation of their pride. – Our Lady of Victory with a sword in one hand
ready to crush the devils and the other hand outstretched to the Muslim
souls. – St. Michael leading the Angels – There are small white lights by the
oars on the Muslim ships representing the souls of the Catholic prisoners.”)
———————————— October 7, 1571, the fleet of the Holy League, an alliance of the kingdoms of Spain, of Sicily and of Naples, of the Republics of Venice and of Genoa, of the Grand Duchy of Tuscany, of the Duchy of Savoy, of the Papal States, and of the Sovereign and Military Order of St. John, decisively defeated the Ottoman Empire’s main battle fleet in five hours of fighting at Lepanto at the northern edge of the Gulf of Corinth.
Miguel de Cervantes Saavedra, author of Don Quixote, was shot
twice in the chest and once in the left arm in the course of the battle.
——————————————
Rev. Fr. Luis Coloma, The Story of Don John of Austria, trans. Lady Moreton, (New York: John Lane Company, 1912), pp. 265-271: The Turkish fleet came on imposing and terrible, all sails set, impelled by a fair wind, and it was only half a mile from the line of galliasses and another mile from the line of the Christian ships.
D. John waited no longer; he humbly crossed himself,
and ordered that the cannon of challenge should be fired on the “Real,” and
the blue flag of the League should be hoisted at the stern, which unfurled
itself like a piece of the sky on which stood out an image of the Crucified.
A moment later the galley of Ali replied, accepting the challenge by firing
another cannon, and hoisting at the stern the standard of the Prophet,
guarded in Mecca, white and of large size, with a wide green “cenefa,” and in
the center verses from the Koran embroidered in gold.
At the same moment a strange thing happened, a very
simple one at any other time, but for good reason then considered a miracle:
the wind fell suddenly to a calm, and then began to blow favorably for the
Christians and against the Turks. It seemed as if the Voice had said to the
sea, “Be calm,” and to the wind, “Be still.” The silence was profound, and
nothing was heard but the waves breaking on the prows of the galleys, and the
noise of the chains of the Christian galley slaves as they rowed.
Fr. Miguel Servia blessed from the quarter-deck all
those of the fleet, and gave them absolution in the hour of death. It was
then a quarter to twelve.
(No quadro de Tony
Skafi: Os Navios Católicos formam uma cruz e os navios muçulmanos formam um
crescente. – O pavilhão com a Santa Cruz benzida pelo Papa Pio V divisa-se no
navio-almirante de D. João de Áustria . – Papal ships (St. Peter’s keys) – O
milagre do vento: imediatamente antes do recontro naval o vento parou e
depois mudou em favor dos navios Católicos. – Os demónios divisam-se entre os navios muçulmanos
(eles foram invocados e atraídos do Inferno pelo líder muçulmano). Os
demónios têm penas de pavão como espadas, uma manifestação do seu Orgulho. –
Nossa Senhora da Vitória com uma espada numa mão ameaça os demónios e a outra mão
estende-se às almas muçulmanas. – São Miguel lidera os Anjos – Eles são as
centelhas brancas nos remos das galeras muçulmanas que representam os
remadores católicos cativos.
————————————
7 de Outubro de 1571, a armada da Liga Santa, uma aliança dos reinos de Espanha, da Sicília e de Nápoles, das Repúblicas de Veneza e de Génova, do Grão Ducado da Toscânia, do Ducado da Saboia, dos Estados Pontifícios, e da Ordem Militar de São João, derrotaram estrondosamente a Grande Armada do Império Otomano ao fim de cinco horas de combate em Lepanto no extremo norte do Golfo de Corinto.
Miguel de Cervantes Saavedra, autor de Don Quixote, foi alvejado duas vezes no peito e uma vez no braço esquerdo durante a
batalha.
——————————————
Rev. Fr. Luis Coloma, The Story of Don John of Austria, trans. Lady Moreton, (New York: John Lane Company, 1912), pp. 265-271.
Henry
Garnett, The
Blood-Red Crescent, (New Hampshire: Sophia Institute Press, 2007)
A Armada Turca
chegou imponente e terrível, navegando com todo o velame, avançando com vento
favorável, e restava meia milha entre a linha das grandes galeras turcas e
uma milha da linha de galeras Cristãs.
D. João não esperou
mais pelo vento; persignou-se humildemente, e ordenou que o primeiro tiro de
artilharia fosse disparado a bordo do “Real,” e que a bandeira azul da Liga
fosse hasteada à popa, a qual se desfraldou como uma parte do céu na
qual estava impressa uma imagem do
Crucificado. Um momento depois a galera de Ali respondeu, aceitando o desafio
ao disparar outro canhão, e desfraldando à popa o pavilhão do Profeta,
guardado em Meca, , com uma banda
debruada a verde, com versos corânicos no centro bordados a ouro.
Naquele momento
deu-se um acontecimento extraordinário, muito simples noutro contexto, mas
considerado um milagre atendendo às circunstâncias: o vento subitamente
cessou, para depois começar a soprar favoravelmente aos Cristãos e contra os
Turcos. Parecia que uma Voz tinha dito ao mar, “Acalma-te,” e ao vento,
“Cala-te.” Caiu um profundo silêncio, e nada se ouvia exceto as ondas batendo
na proa das galeras, e o ruído das correntes dos escravos Cristãos enquanto
remavam.
Pe. Miguel Servia
abençoou-os a todos do convés e deu-lhes a Santa Unção. Faltava um quarto
para o meio-dia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário