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22.2.12

Por que Chesterton?


Diego G. Silva
Editor do Chesterton Brasil.org
Publicado originalmente na Revista In Guardia, ano I, n. 2, p. 54-55, out. 2011.
Confira mais sobre a Revista In Guardia aqui

Por que resgatar o pensamento de um escritor que morreu há 75 anos e mesmo tendo escrito mais de 4 mil artigos e mais de 80 livros tem poucas obras traduzidas para o português? Gilbert Keith Chesterton é, com certeza, um dos escritores mais injustiçados e esquecidos. Suas obras foram deixadas à margem e desconhecidas, diríamos sob suspeita. Tudo por um simples detalhe que não passa despercebido do leitor, como disse um periodista espanhol: Ele era católico.

De antemão é preciso esclarecer que a doutrina católica é indissociável das obras de Chesterton. Certa vez, um professor de Literatura Inglesa me questionou se eu queria fazer um estudo sobre o catolicismo na obra de Chesterton, ele disse que isto escapava de sua competência. Eu lhe respondi que não, mas que o catolicismo era indissociável de suas obras. E de fato o é. Basta a leitura de qualquer do seus livros, artigos etc. Se Chesterton às vezes  não se aprofunda explicitamente na doutrina católica, ele já dá um passo significativo ao abordar as questões sob o ponto de vista do senso comum, senso tão importante para um razão saudável aberta ao inquestionável, imutável e atualíssimo transcendente que está sempre acessível aos olhos da fé e da razão. 

Nascido no dia 29 de maio de 1874, Kensington, Londres, Chesterton foi batizado no Anglicanismo.  A fase de sua vida mais obscura (no sentido espiritual, poderíamos dizer) foi sua adolescência. Ele mesmo nos diz isso quando escreveu no livro Ortodoxia (1908), magistral e primorosa obra de ChestertonEu era pagão aos doze anos de idade e um perfeito agnóstico aos dezesseis.”.
Apesar de ter tido uma fase árida (ou noite escura, como poderia nos dizer os santos ao relatar o vazio da ausência de Deus) e ter tentando criar, como depois ele mesmo disse uma própria ‘ortodoxia’, se deu conta de que as ideologias em voga no seu tempo não o satisfaziam, algo que santo Agostinho já dizia: “fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti
 O coração daquele sujeito de mais de dois metros e quase 140 quilos só iria encontrar descanso ao se refugiar em Cristo e no “lar”, na Igreja Católica, onde foi batizado no ano de 1922.
A presença de Nossa Senhora foi fundamental para conversão de Chesterton. Ele mesmo nos relata que quando se lembrava do catolicismo se recordava de Nossa Senhora: “Mal consigo recordar um tempo em que a imagem de Nossa Senhora não se erga muito concretamente no meu espírito [...]. Quando recordava a Igreja Católica, recordava-a a Ela; quando tentava esquecer a Igreja Católica, tentava esquecê-la a Ela”.
A vida de Chesterton é um grande paradoxo. Um sujeito de dimensões gigantes possuía um coração pequeno que não conseguia bombear o suficiente para mantê-lo. Inclusive isto foi um dos motivos para seu falecimento há 75 anos, em 14 de junho de 1936. Se pequeno era seu coração físico, gigante era seu coração em generosidade, amizade e amor. Sempre apaixonado por Francês Blog, com que se casou em 1901, não puderam ter filhos. No entanto tiveram milhares de admiradores e muitos amigos. Chesterton foi grande amigo de Bernard Shaw, H.G. Wels, G.S. Street, etc. Tornou-se grande amigo de Hillaire Belloc, a quem estimava muito, fato que levou Shaw a apelidá-los de “monstro Chesterbelloc”.
Seu personagem mais marcante é o famoso sacerdote-detetive Padre Brown. É curioso pensar que Chesterton, de férias, iria conhecer um padre que se tornou muito amigo, que lhe inspiraria a criar o famoso detetive Padre Brown. Pe. John O’Connor, que era de origem irlandesa e estava alocado na Igreja de St. Anne de Keighley, em Yorkshire. Segundo Maise Ward, biógrafa de Chesterton, era “talvez a amizade mais íntima da vida de Gilbert.” O primeiro conto da saga Padre Brown foi lançado em 1901, a exatos cem anos, com o título A inocência do Padre Brown. Já no primeiro conto a Cruz azul Chesterton já se apresenta e também a seus personagens. Ele demonstra como a razão e o conhecimento profundo do ser humano, em especial o fato dele ser um ser marcado pelo pecado original, será a chave investigativa do Padre Brown. Antônio Gramsci, comunista italiano disse que Chesterton “era um grande artista”, em uma de suas cartas de cárcere, e explica a fórmula como o Brown resolvia os mistérios: “O padre Brown é o sacerdote católico que através de refinadas experiências psicológicas fornecidas pelas confissões e pela trabalhada casuística moral dos padres, embora sem menosprezar a ciência e a experiência, mas baseando-se especialmente na dedução e na introspecção.”
Apesar de ainda desconhecida sua vida e suas obras – basta ir em uma livraria e pedir livros dele para comprovar – houve, como ainda há, esforços para torná-lo conhecido no Brasil. Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, Gilberto Freire, entre outros, foram grandes admiradores de Chesterton.
Com o intuito de difundir a vida e obra de Chesterton, um pequeno grupo, motivado pelo autor desse artigo, decidiu lançar a ideia de criar um site chamado “Chesterton no Brasil”. O site tem como objetivo reunir artigos, traduções, vídeos, áudios, frases e trechos de suas obras, imagens etc. com o intuito de possibilitar um contato com a vida e pensamento desse gênio e motivar a criação de sociedade Chestertoniana no Brasil.

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